quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Contexto Histórico - Politico da época em que a peça foi publicada (1961)

Tempo histórico (século XIX - 1817)

  • Invasões francesas (desde 1807): rei no Brasil;
  • Ajuda pedida aos ingleses (Beresford);
  • Regime absolutista;
  • Situação económica portuguesa má: dinheiro ia para a corte que se encontrava no Brasil;
  • Regência, influenciada por Beresford (símbolo do poder britânico em Portugal);

  • Primeiros movimentos liberais (1817), com a conspiração abortada de Gomes Freire;

  • 25 De Maio de 1817 – prisão de Gomes Freire; 18 de Outubro de 1817 –enforcado, datas condensadas em dois dias na peça (tempo de acção dramática);
  • Governadores viam na revolução a destruição da estrutura tradicional do Reino e a supressão dos privilégios das classes favorecidas;
  • O povo via na revolução a solução para a situação em que se encontrava;

  • Revolução liberal de 1820;

  • Implantação do liberalismo em 1834, com o acordo de Évora-Monte.


Tempo da escrita (século XX - 1961)
  • Permanentemente presente (implícito);
  • Época conturbada em 1961: guerra colonial angolana; greves; movimentos estudantis; pequenas “guerrilhas” internas; crescente aparecimento de movimentos de opinião organizados; oposição política;
  • Situação política, social e económica de desagrado geral;
  • Regime ditatorial salazarista: desigualdade entre abastados e pobres; povo reprimido e explorado; miséria, medo; analfabetismo e obscurantismo;
  • PIDE, “bufos”; censura; medidas de repressão/tortura e condenação sem provas;
  • Sttau Monteiro evoca situações e personagens do passado como pretexto para falar do presente;
  • Grande dualidade de conceitos entre os dois tempos: Gomes Freire é Humberto Delgado; os governadores três são o regime salazarista; Vicente e os delatores são os “bufos”; os homens de Beresford são a PIDE.

Retirado de: http://brunasilva94.blogspot.pt/ 

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Personagens, Tempo, Espaço e Ação, da obra: "Felizmente há Luar!"


Personagens:

GOMES FREIRE: é o protagonista, embora nunca apareça é evocado através da esperança do povo, das perseguições dos governadores e da revolta da sua mulher e amigos. É acusado de ser o grão-mestre da maçonaria, estrangeirado, soldado brilhante, idolatrado pelo povo. Acredita na justiça e luta pela liberdade, é apresentado como o defensor do povo oprimido, o herói (no entanto, ele acaba como o anti-herói, o herói falhado) e símbolo de esperança de liberdade.



D. MIGUEL FORJAZ: Primo de Gomes Freire, assustado com as transformações que não deseja, corrompido pelo poder, vingativo, frio e calculista, prepotente, autoritário, servil (porque se rebaixa aos outros).



PRINCIPAL SOUSA: defende o obscurantismo, é deformado pelo fanatismo religioso, desonesto, corrompido pelo poder eclesiástico, odeia os franceses.



BERESFORD: cinismo em relação aos portugueses, a Portugal e à sua situação, oportunista, autoritário, mas é bom militar, preocupa-se somente com a sua carreira e com dinheiro, ainda consegue ser minimamente franco e honesto, pois tem a coragem de dizer o que realmente quer, ao contrário dos dois governadores portugueses. É poderoso, interesseiro, calculista, trocista, sarcástico.



VICENTE: sarcástico, demagogo, falso humanista, movido pelo interesse da recompensa material, hipócrita, despreza a sua origem e o seu passado, traidor, desleal, acaba por ser um delator que age dessa maneira porque está revoltado com a sua condição social (só desse modo pode ascender socialmente).



MANUEL: denuncia a opressão a que o povo está sujeito, é o mais consciente dos populares, é corajoso. 



MATILDE DE MELO: corajosa, exprime romanticamente o seu amor, reage violentamente perante o ódio e as injustiças, sincera, ora desanima, ora se enfurece, ora se revolta, mas luta sempre. Representa uma denúncia da hipocrisia do mundo e dos interesses que se instalam em volta do poder (faceta/discurso social); por outro lado, apresenta-se como mulher dedicada de Gomes Freire, que, numa situação crítica como esta, tem discursos tanto marcados pelo amor, como pelo ódio.



SOUSA FALCÃO: inseparável amigo, sofre junto de Matilde, assume as mesmas ideias que Gomes Freire, mas não teve a coragem do general. Representa a amizade e a fidelidade, é o único amigo de Gomes Freire de Andrade que aparece na peça, ele representa os poucos amigos que são capazes de lutar por uma causa e por um amigo nos momentos difíceis.



Frei Diogo: homem sério, representante do clero, honesto – é o contraposto do Principal Sousa. 



Delatores: mesquinhos, oportunistas, hipócritas.



MIGUEL FORJAZ, BERESFORD e PRINCIPAL SOUSA  perseguem, prendem e mandam executar o General e restantes conspiradores na fogueira. Para eles, a execução à noite, constituía uma forma de avisar e dissuadir os outros revoltosos, mas para.



MATILDE: era uma luz a seguir na luta pela liberdade.




Tempo
a) tempo histórico: século XIX

b) tempo da escrita: 1961, época dos conflitos entre a oposição e o regime salazarista

c) tempo da representação: 1h30m/2h

d) tempo da acção dramática: a acção está concentrada em 2 dias

e) tempo da narração: informações respeitantes a eventos não dramatizados, ocorridos no passado, mas importantes para o desenrolar da acção


Espaço
espaço físico: a acção desenrola-se em diversos locais, exteriores e interiores, mas não há nas indicações cénicas referência a cenários diferentes

espaço social: meio social em que estão inseridas as personagens, havendo vários espaços sociais, distinguindo-se uns dos outros pelo vestuário e pela linguagem das várias personagens


Acção  

  • A obra recria, em dois actos, a tentativa frustrada de revolta liberal de Outubro de 1817, reprimida pelo poder absolutista do regime de Beresford e Miguel Forjaz, com o apoio da Igreja. 
                       
             Ao mesmo tempo 


Chama a atenção para as injustiças, a repressão e as perseguições políticas no tempo de Salazar, nos anos 60 do 
século XX – tempo da escrita (paralelismo entre 2 épocas: o século XIX – 1817 – tempo da história; e o século 
XX – 1961 – tempo da escrita). 


  • A acção centra-se na figura do general Gomes Freire de Andrade e da sua execução: 

 – da prisão à fogueira, com descrições dos governadores do Reino; 
 – da revolta desesperada e impotente da sua esposa e da resignação do povo que “a miséria, o medo, a ignorância” dominam. Gomes Freire de Andrade “está  sempre presente embora nunca apareça” (didascália inicial) e, mesmo ausente, condiciona a estrutura interna da peça e o comportamento de todas as outras personagens. 

  • Na acção desta peça, há a destacar o seguinte: 

– a defesa da liberdade e da justiça, atitude de rebeldia, constitui a “hybris” (desafio); 
– como consequência, a prisão dos conspiradores provocará o sofrimento (“pathos”) das personagens e despertará a compaixão do espectador; 
– o crescendo trágico, representado pelas diversas tentativas desesperadas para obter o perdão, acabará, em “clímax”, com a execução pública do general Gomes Freire e dos restantes presos. 
– este desfecho trágico conduz a uma reflexão purificadora (“cathársis”) que os opressores pretendiam dissuasora, mas que despertou os oprimidos para os valores da liberdade e da justiça. 

Retirado de: http://www.prof2000.pt/users/jsafonso/Port/luar.htm ~

http://ciberjornal.files.wordpress.com/2009/01/ficha-informat-felizmente-ha-luar-accao-e-personagens.pdf 

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Contexto histórico de "Felizmente há Luar!"


Apesar de a ação da obra ter lugar em 1817, importa situar os acontecimentos que estão na sua origem:

- Com autoproclamação de Napoleão, em 1799, como 1.º  imperador dos franceses, a Europa atravessa um período conturbado. A situação política em Portugal reflete, pois, decisões estrangeiras 

- Intimado por Napoleão a declarar guerra à Inglaterra, em 1805, o Governo Português tenta contemporizar, fechando os portos às mercadorias, mas não hostilizando os ingleses residentes. 
 
- Forçado a aderir ao bloqueio continental, em 1807,  Portugal sequestra alguns bens ingleses, apesar de 
permitir a livre circulação dos produtos. A dubiez do Governo desencadeia a ira de Napoleão, que, nesse mesmo ano, conclui um tratado com Espanha e exclui Portugal do mapa europeu. Para a execução do tratado, o imperador francês envia Junot para o nosso país. O príncipe regente, D. João, a conselho do Governo Inglês, abandona Portugal e refugia-se no Brasil. 

- Após as batalhas de Roliça e do Vimeiro, em 1808, Wellesley derrota as tropas francesas, as quais são 
autorizadas a sair do país com todos os despojos de guerra. Um ano depois, em 1809, Soult invade, pela 2.ª vez, Portugal, e novamente Wellesley e Beresford rechaçam o exército invasor. Massena será o último representante napoleónico a tentar conquistar Portugal. 

- Em 1810, as tropas invasoras são derrotadas nas batalhas do Buçaco e de Linhas de Torres. Com a rendição da guarnição francesa, o exército francês abandona, definitivamente, o país. 
 
- A corte estava ausente (o rei encontrava-se no Brasil) e a administração do reino fora entregue a uma tríade 
governativa (D. José António de Meneses e Sousa Coutinho, D. Miguel Pereira Forjaz e William Beresford).  
Mas o país era palco de descontentamento, motivado não só pela ausência da corte, como também pelas 
dificuldades acrescidas advindas da guerra. 
A contestação ao governo “fantoche” liderado por Beresford e a pesada carga onerosa para a manutenção 
da corte e do rei, entretanto aclamado (em 1816) em terras estrangeiras, geravam a desconfiança e o desagrado de um povo, que, mais uma vez, se sentia abandona à sua triste sorte. 


A passividade e o clima de suspeição que se sentia propiciaram as ideias de conjura e a procura de um líder. Amado pelo povo, respeitado pelos amigos e odiado pela classe governativa, Gomes Freire é escolhido como elemento sacrificial, não pelas ações que comete, mas pelo perigo que representa. 
Estes são, no fundo, os antecedentes que explicam, em Felizmente há Luar, o TEMPO DA HISTÓRIA, 
que é diferente do  TEMPO DA ESCRITA, embora entre ambos haja um paralelismo histórico, quer em 
relação ao estado do país, quer em relação à política vigente.




Retirado de: http://ciberjornal.files.wordpress.com/2009/01/ficha-inform-sobre-contextualizacao-historico-social-felizmente-ha-luar.pdf 

Biografia e Bibliografia de Luís de Sttau Monteiro

Luís Infante de Lacerda Sttau Monteiro nasceu no dia 03/04/1926 em Lisboa. Em 1936 o seu pai, devido à posição de Embaixador de Portugal em Londres, leva-o com ele onde irá ficar até 1943, altura em que seu pai é destituído do cargo por Salazar. Nessa altura regressa a Lisboa onde estuda e se forma em advocacia. Aí exerce ainda durante algum tempo, até que parte novamente para Londres onde se dedica ao desporto automóvel na fórmula 2. A sua estadia em Inglaterra, durante a juventude, pô-lo em contacto com alguns movimentos de vanguarda da literatura anglo-saxónica. Regressa novamente a Portugal onde escreve no Diário de Lisboa, destacando-se a revista “Almanaque” e o suplemento “A Mosca”, cria ainda a secção “Guidinha” no mesmo jornal. Em 1961, publicou a peça de teatro “Felizmente há Luar!”, distinguida com o Grande Prémio de Teatro, tendo sido proibida pela censura a sua representação. Só viria a ser representada em 1978 no Teatro Nacional. Foram vendidos 160 mil exemplares da peça, resultando num êxito estrondoso. Foi preso em 41967 pela PIDE após a publicação das peças de teatro “Guerra santa” e “A Estatua”. Sátiras que criticavam a ditadura e a guerra colonial. Em 1971, com Artur Ramos, adaptou ao teatro o romance de Eça de Queirós “A Relíquia ”, representada no Teatro Maria Matos. Escreveu o romance inédito “Agarra o Verão, Guida, Agarra o Verão”, adaptado como novela televisiva em 1982 com o titulo “Chuva na Areia”. Faleceu no dia 23/07/1993 em Lisboa.

Obras – Ficção: Um Homem não Chora (romance, 1960), Angústia para o Jantar (romance, 1961), E se for Rapariga Chama-se Custódia (novela, 1966). Teatro: Felizmente Há Luar (1961), Todos os Anos, pela Primavera (1963), Auto da Barca do Motor fora da Borda (1966), A Guerra Santa (1967), A Estátua (1967), As Mãos de Abraão Zacut (1968).




Retirado de: http://tatianaportugues.blogspot.pt/2011/02/bibliografia-de-luis-de-sttau-monteiro.html 

Teatro Épico





O teatro épico é produto do forte desenvolvimento teatral na Rússia, após a Revolução Russa de 1917, e na Alemanha, durante o período da República de Weimar, tendo como seus principais iniciadores o diretor russo Meyerhold e o diretor teatral alemão Erwin Piscator. Nesse tempo, as cenas épicas alemãs recebiam o nome de cena Piscator, dado o extensivo uso de cartazes e projeções de filmes nas peças dirigidas por Piscator. No entanto, o grande propagandista do teatro épico foi Bertolt Brecht.


O crítico norte-americano Norris Houghton afirma que Brecht e Piscator aprenderam o teatro épico de Meyerhold e que nós o conhecemos através de Brecht.


Teatro Épico – Representação de um acontecimento ocorrido no passado histórico. Sttau Monteiro (Felizmente Há Luar!), Bernardo Santareno (O Judeu) e Cardoso Pires (O Render dos Heróis), foram influenciados pelo dramaturgo alemão Bertoli Brencht, “pai” deste tipo de teatro que se opõe ao drama aristotélico.


Teatro Épico (drama não aristotélico)
- Deseja provocar uma atitude socialmente empenhada, visando a transformação da sociedade.

- Rejeita a cartase.

- O espetador deve ser desligado da ação, criando-se o efeito de distanciação.

- Valoriza a narrativa – o espetador ouve a narração dos acontecimentos.

- O espetador deve refletir, ser crítico.

- O espetador é ativo, estimulando a sua capacidade de observação e de raciocínio.

- O espetador recordará para sempre a mensagem da obra. 

- O ator demonstra ação.

Encenação do Teatro Épico
- O encenador deve utilizar uma vasta variedade de efeitos para que os espetadores desenvolvam as suas capacidades de reflexão.

- A história estrutura-se por uma sucessão de situações; o décor, sonoridades e coreografia são independentes, tal vista a impedir a criação da ilusão da realidade; os gestos, os aspetos fisionómicos, os comportamentos, a entoação constituem o que Brecht denominava, no seu conjunto, por “gestus”, isto é, as atitudes marcantes do ser humano.

- No palco, todas as formas de criar ilusão devem ser banidas, como, por exemplo, o uso de cortinas. Assim, as cenas são exuberantemente iluminadas.



Retirado de: http://acncs.blogspot.pt/2012/05/caracteristicas-do-teatro-epico.html 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Teatro_%C3%A9pico 

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Texto Dramático

Para que haja teatro tem de haver um determinado Texto Dramático, ou seja, uma peça escrita e destinada a ser representada por atores.

O Texto Dramático é constituido:
- Ser representado
- As falas, ou actores de enunciação, ocorrem sem narrador
- As personagens (locutores) que interagem com outras (interlocutores) na presença do publico, aqui (ouvintes/ leitores)
- Refere-se normalmente a um curto espaço de tempo
- Elementos deíticos: eu, tu, aqui, agora, isto, assim...
- Pouca variedade de espaços/ tempo limitados
- Escrito por um Dramaturgo


Estrutura Interna:


Situação Inicial
Conflito
Desenlace
Apresentação das personagens, da intriga e dos seus antecedentes.
Desenvolvimento da ação ou interações através da sequência de peripécias (atos locutórios, ilocutórios e pré-locutórios) até ao ponto culminante do conflito.
Resultado final das interações discursivas entre as forças oponentes e adjuvantes do conflito.


Estrutura Externa:

Ato- Grande divisão do texto dramático que decorre num mesmo espaço.

Cena- Divisão do ato determinada pela saída e entrada de personagens.



Discurso das Personagens:


- Diálogo:  locutor e interlocutor comunicam entre si através de uma interação discursiva baseada em atos da fala, com uma determinada cadeira de referência.

- Monólogo: produção verbal na ausência direta de interlocutor  virtual no próprio sujeito da enunciação.

- Apartes: a personagem faz comentários diretamente para o publico, que assim passa de ouvintes a interlocutores passivo.


Funções:
- Ator/ Atriz

- Encenador
- Cenógrafo
- Aderecista
- Figurinista 
- Caracterizador
- Contra-Regra 
- Luminotécnico
- Sonoplasta
- Ponto

Adaptado de: http://www.slideshare.net/jomaferreira/texto-dramtico-presentation#btnNext

terça-feira, 20 de novembro de 2012

O que é o Teatro?

É uma arte que consiste na representação do real, atrevés da imitação de gestos, expressoes, sentimentos, atitudes e situações, através da linguagem não verbal e linguagem verbal oral. Actos de fala relacionados com um determinado contexto.

 Actos de fala, consiste em tres actos que se seguem:

Acto lucutório- palavras e frases
Acto ilucutório- intencionalidade da frase
Acto pré-lucutório- os efeitos produzidos por essa frase junto do interlocutor



Retirado de: http://www.slideshare.net/jomaferreira/texto-dramtico-presentation#btnNext


Módulo nº11 Textos de teatro II - Felizmente há Luar!, Luís Sttau Monteiro

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Terraços de Teerão


Um Breve Resumo do Livro

A história passa-se em Teerão em pleno Verão e Inverno. Esta história anda à volta de dois Romances um pouco atribulados.
Pasha e Ahmed são dois melhores amigos que vivem um romance com a Zari e  a Faheemeh.
Pasha apaixona-se pela Zari, todas as noites se metia no terraço para poder ver a sua amada. Ahmed apaixona-se por Faheemeh que vive noutro bairro. Nem todos os romances são fáceis, porque Zari e a Faheemeh estão comprometidas.
No princípio da história, Pasha tentava não pensar no seu amor por Zari porque o Doutor é seu amigo e ele dizia que gostar da noiva de um amigo é uma traição, mas era inevitável ele não pensar nela. De facto, quando o Ahmed falava da Faheemeh, ele imaginava como seria a sua vida com  Zari.
Com o decorrer do tempo,  Ahmed enfrenta os país da Faheemeh, porque não suporta a ideia de ela ir casar com outro. Os pais da Faheemeh, ao principio, não gostaram, mas depois não tiveram opção e aceitaram o namoro entre os dois. 


Na minha opinião: Adorei este livro, nunca tinha lido um livro de romance, sempre li livros de terror, pela primeira vez li este e adorei, aconselho a que leiam este livro é mesmo muito bonito. 

Terceira parte "O Encoberto" - "O Desejado"

Onde quer que, entre sombras e dizeres,
Jazas, remoto, sente-te sonhado,
E ergue-te do fundo de não-seres
Para teu novo fado!

Vem, Galaaz com pátria, erguer de novo,
Mas já no auge da suprema prova,
A alma penitente do teu povo
À Eucaristia Nova.

Mestre da Paz, ergue teu gládio ungido,
Excalibur do Fim, em jeito tal
Que sua Luz ao mundo dividido
Revele o Santo Graal!

Análise: Tom exortativo, marcado pelo recurso ao imperativo. A projeção do mito do Santo Gral no "desejado". O herói imaculado, qual Galaaz e "Mestre da Paz", deverá erguer o seu gládio, "Excalibur" abençoado, e revelar o cálice do Santo Gral, contendo o sangue de Cristo, que dará a "Luz" ao "mundo dividido". O Gral está perto e não se vê e, por isso, é preciso a aventura espiritual.

Adaptado: http://pessoa-mensagem.blogspot.pt/2009/03/o-desejado.html
http://joanaserafim67.blogspot.pt/2012/11/analise-dos-poemas-da-terceira-parte-o_4.html

Terceira parte "O Encoberto" - "D. Sebastião"

Sperai! Caí no areal e na hora adversa
Que Deus concede aos seus
Para o intervalo em que esteja a alma imersa
Em sonhos que são Deus.

Que importa o areal e a morte e a desventura
Se com Deus me guardei?
É O que eu me sonhei que eterno dura,
É Esse que regressarei.

Análise: Homenagem a d.sebastião, dois momentos que correspondem à primeira e segunda estrofes, na primeira parte,observa-se o discurso de terceira pessoa e o tom interrogativo e o areal simboliza a morte,a desventura, o imenso vazio.



Adaptado: http://pessoa-mensagem.blogspot.pt/2009/03/d-sebastiao.html
http://costajoao519.blogspot.pt/2010/11/terceira-parteo-encoberto-primeiro-d.html

Segunda parte "Mar Português" - "O Infante"

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,

E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.

Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!

Análise: No poema O Infante da segunda parte, Mar Português, de Mensagem (Fernando Pessoa), o sujeito poético dirige-se a um tu, lembrando-lhe a sua marca distintiva de eleito, escolhido e elevado à imortalidade por Deus — «Sagrou-te, e foste desvendando a espuma» (1.ª estrofe), «Quem te sagrou criou-te português. / Do mar e nós em ti nos deu sinal» (3.ª estrofe).
Ora, este tu, português «que [foi] desvendando a espuma», é alguém que dedicou a sua vida a desvendar os mistérios desconhecidos do mar, reunindo à sua volta os investigadores e estudiosos que pudessem colaborar na descoberta dos novos mundos. Repare-se que o emprego do gerúndio «desvendando» evidencia, precisamente, um tempo que se prolongou no processo da preparação para as descobertas na Escola de Sagres, criada pelo Infante D. Henrique, o príncipe que se entregou ao sonho das descobertas marítimas.
É ele este tu (marca de proximidade do sujeito), elevado ao estatuto de herói, pelo seu contributo no engrandecimento do seu povo e como referência, como modelo de um ser superior que não desiste dos seus sonhos. Por isso, desde o início do poema, é hiperbolizado com a carga semântica da «sagração», campo lexical com que é marcado pelo sujeito poético.

Adaptado: http://pessoa-mensagem.blogspot.pt/2009/03/i-o-infante.html
http://www.ciberduvidas.com/pergunta.php?id=31119

Segunda parte "Mar Português" - "Horizonte"

Ó mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mistério,
Abria em flor o Longe, e o Sul sidério
’Splendia sobre as naus da iniciação.

Linha severa da longínqua costa —
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe a abstracta linha.

O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esp’rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte —
Os beijos merecidos da Verdade.

Análise "O tema do poema é a descoberta e o encontro com mares e terras longínquos e desconhecidos, está presente na interpretação do Título como projeto de ir mais longe.
A composição poética estrotura-se em três partes:
1ª Parte: O caminho/ a viagem (primeira estrofe)
2ª Parte: A visão de um mundo novo (segunda estrofe)
3ª Parte: Interoretação simbólicada descoberta -  impulso para a conhcer (terceira estrofe)


Adaptrado: http://pessoa-mensagem.blogspot.pt/2009/03/ii-horizonte.html

Primeira parte Brasão - "Os dos Castelos"


A Europa jaz, posta nos cotovelos:

De Oriente a Ocidente jaz, fitando,

E toldam-lhe românticos cabelos

Olhos gregos, lembrando.

O cotovelo esquerdo é recuado;

O direito é em ângulo disposto.

Aquele diz Itália onde é pousado;

Este diz Inglaterra onde, afastado,

A mão sustenta, em que se apoia o rosto.

Fita, com olhar esfíngico e fatal,

O Ocidente, futuro do passado.


O rosto com que fita é Portugal.



 Análise: No primeiro poema de Mensagem, »O dos Castelos», o sujeito lirico faz a localização geográfica da europa, metaforicamente apresentada como uma figura femanina: «Romanticos cabelos», «Olhos gregos», o «Cotovelo esquerdo [...] diz itália», «o direto[...]diz inglaterra onde, afastado, / A mão sustenta» e «O rosto [...] é Portugal». Os dois «cotovelos» remetem para as raizes culturais da europa, mas a reposição da grandeza europeia realizarse-a através de portugal, que «fita, com olhar sfíngico e fatal,/O ocidente, futuro do passado», tendo a responsabilidade de ligar o oriente ao ocidente. Assim, o sujeito poetico localiza portugal a ocidente como a face da europa, à semelhança de Vasco da Gama, que apresenta portugal como o «Cume da cabeça da europa». 


Primeira parte Brasão - "Ulisses"


O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo –
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo.
Este que aqui aportou,
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos criou.
Assim a lenda se escorre
A entrar nas realidade,
E a fecundá-la decorre.
Em baixo, a vida, metade
De nada, morre.

Análise:  Na primeira estrofe que corresponde ao primeiro momento apresenta-se de forma lapidar uma tese: “ O mito é o nada que é tudo”.O mito é definido pelo sujeito poético como o nada uma vez que, dada a sua natureza, não possui consistência, nem fundamento, mas que, apesar disso, é tudo (note-se o oxímoro = a paradoxo), pois possui relevância e aceitação. O pendor para o esoterismo em Fernando Pessoa está aqui patente, na medida em que o mito é algo que oculta a verdade mas que também contribui para a sua revelação. Ele é nítido mas precisa de ser decifrado. Esta definição é concretizada nos quatro versos seguintes, a sua generalidade. O sol e Deus crucificado são também mitos (veja-se a heresia relativamente a Deus, considerando-o como um mito e não um facto histórico). O carácter paradoxal é reforçado pelas metáforas, imagens. O mito surge como um sol que abre os céus (repare-se no sentido conotativo de céus apontando para perspectivas brilhantes e ideias de heroicidade) e como um Deus que, parecendo morto, se revela aos homens como vivo (perífrase de Cristo crucificado). Nas duas expressões metafóricas enunciadas manifestam-se duas características do mito: a sua irrealidade (mudo, corpo morto) e o seu dinamismo (vivo e desnudo e abre os céus) Note-se ainda nesta última expressão a personificação. Estes dois mitos têm um valor simbólico importante. O Sol renasce todos os dias, enquanto Cristo crucificado ressuscita. Assim, um e outro são mitos ligados ao poder de redenção, de renascimento. Ao mesmo tempo a presença dos oxímoros vivo / morto, mudo/brilhante pretende transmitir o quanto de indefinível tem o mito. A presença do presente do indicativo justifica-se por estarmos diante da definição de mito, algo permanente.

Na segunda parte, correspondente à segunda estrofe, o assunto continua a ser concretizado, ou melhor particulariza-se o mito ao caso concreto de Ulisses, designado pelo deíctico “este”, reenviando-nos para o título. Alude-se neste momento à criação lendária de Lisboa, a Olissipo, por Ulisses. Mais do que o facto histórico concreto é a imaginação e o sonho que libertam energia criativa. Um povo define-se melhor pelos seus mitos do que pela sua História. Ulisses se bem que não tenha existido, foi elevado à condição de mito e foi através dele que se explicou a origem de Lisboa. Ulisses poderá assim representar a vocação marítima dos portugueses já que é do mar que chega este antepassado mítico dos portugueses. Concluindo, esta figura lendária foi suficiente para que o povo português se sentisse projectado para a grandeza que tem e poderá ainda ter. Ulisses foi o primeiro impulso para um povo que edificaria um império cuja cabeça seria Lisboa. O emprego constante dos oxímoros ou paradoxos “ foi por não ser ... existindo” e “sem existir ... nos bastou” e “ por não ter vindo .. foi vindo e nos criou” aparentemente contraditórias, na caracterização de Ulisses, exprimem o carácter contraditório do mito. O uso do pretérito perfeito nesta estrofe justifica-se pelo recuo a uma narração do nosso passado. As perifrásticas que aparecem nesta estrofe “ser existindo” e “ter vindo e foi vindo” caracterizam o processo gradual da criação de mitos e da sua ação.

Na terceira e última parte evidencia-se o estatuto criador do mito: é ele que “fecunda” a realidade, são as suas possibilidades criadoras que dão sentido ao real. Assim, o que verdadeiramente importa não é a existência real de Ulisses mas aquilo que ele representa: o futuro glorioso de Portugal só poderá concretizar-se através da vivência do mito e da energia criadora que ele liberta. Desta forma, este poema poderá ajudar a explicar os poemas seguintes da Mensagem onde os heróis fundadores, apesar da sua existência histórica feita de êxitos e fracassos, aparecem mitificados. Os dois últimos versos poderão significar que sem mito não há vida, “2a vida” (“a realidade”), que se situa “em baixo” note-se a expressão adverbial, só tem sentido quando para dentro dela “escorre” (movimento de cima para baixo) “ a lenda”; é a passagem do “nada” ao ”tudo”. As formas verbais “escorre” e “decorre” contêm o valor semântico de duração, traduzem assim a ação duradoira e persistente do mito. O regresso ao presente do indicativo coaduna-se com a conclusão: a lenda é essencial aos feitos dos grandes povos. Aliás esta conclusão é introduzida pela conjunção conclusiva “assim”.
Concluindo, o mito sendo uma força obscura, vinda dos confins do tempo, penetra a realidade presente, infiltra-se como sinal divino na vida, que desligada dessa força mágica, fica reduzida a menos que nada, “metade de nada” condenada fatalmente à morte.