Personagens:
GOMES FREIRE: é o protagonista, embora nunca apareça é evocado através da esperança do povo, das perseguições dos governadores e da revolta da sua mulher e amigos. É acusado de ser o grão-mestre da maçonaria, estrangeirado, soldado brilhante, idolatrado pelo povo. Acredita na justiça e luta pela liberdade, é apresentado como o defensor do povo oprimido, o herói (no entanto, ele acaba como o anti-herói, o herói falhado) e símbolo de esperança de liberdade.
D. MIGUEL FORJAZ: Primo de Gomes Freire, assustado com as transformações que não deseja, corrompido pelo poder, vingativo, frio e calculista, prepotente, autoritário, servil (porque se rebaixa aos outros).
PRINCIPAL SOUSA: defende o obscurantismo, é deformado pelo fanatismo religioso, desonesto, corrompido pelo poder eclesiástico, odeia os franceses.
BERESFORD: cinismo em relação aos portugueses, a Portugal e à sua situação, oportunista, autoritário, mas é bom militar, preocupa-se somente com a sua carreira e com dinheiro, ainda consegue ser minimamente franco e honesto, pois tem a coragem de dizer o que realmente quer, ao contrário dos dois governadores portugueses. É poderoso, interesseiro, calculista, trocista, sarcástico.
VICENTE: sarcástico, demagogo, falso humanista, movido pelo interesse da recompensa material, hipócrita, despreza a sua origem e o seu passado, traidor, desleal, acaba por ser um delator que age dessa maneira porque está revoltado com a sua condição social (só desse modo pode ascender socialmente).
MANUEL: denuncia a opressão a que o povo está sujeito, é o mais consciente dos populares, é corajoso.
MATILDE DE MELO: corajosa, exprime romanticamente o seu amor, reage violentamente perante o ódio e as injustiças, sincera, ora desanima, ora se enfurece, ora se revolta, mas luta sempre. Representa uma denúncia da hipocrisia do mundo e dos interesses que se instalam em volta do poder (faceta/discurso social); por outro lado, apresenta-se como mulher dedicada de Gomes Freire, que, numa situação crítica como esta, tem discursos tanto marcados pelo amor, como pelo ódio.
SOUSA FALCÃO: inseparável amigo, sofre junto de Matilde, assume as mesmas ideias que Gomes Freire, mas não teve a coragem do general. Representa a amizade e a fidelidade, é o único amigo de Gomes Freire de Andrade que aparece na peça, ele representa os poucos amigos que são capazes de lutar por uma causa e por um amigo nos momentos difíceis.
Frei Diogo: homem sério, representante do clero, honesto – é o contraposto do Principal Sousa.
Delatores: mesquinhos, oportunistas, hipócritas.
MIGUEL FORJAZ, BERESFORD e PRINCIPAL SOUSA perseguem, prendem e mandam executar o General e restantes conspiradores na fogueira. Para eles, a execução à noite, constituía uma forma de avisar e dissuadir os outros revoltosos, mas para.
MATILDE: era uma luz a seguir na luta pela liberdade.
Tempo
a) tempo histórico: século XIX
b) tempo da escrita: 1961, época dos conflitos entre a oposição e o regime salazarista
c) tempo da representação: 1h30m/2h
d) tempo da acção dramática: a acção está concentrada em 2 dias
e) tempo da narração: informações respeitantes a eventos não dramatizados, ocorridos no passado, mas importantes para o desenrolar da acção
Espaço
espaço físico: a acção desenrola-se em diversos locais, exteriores e interiores, mas não há nas indicações cénicas referência a cenários diferentes
espaço social: meio social em que estão inseridas as personagens, havendo vários espaços sociais, distinguindo-se uns dos outros pelo vestuário e pela linguagem das várias personagens
Acção
- A obra recria, em dois actos, a tentativa frustrada de revolta liberal de Outubro de 1817, reprimida pelo poder absolutista do regime de Beresford e Miguel Forjaz, com o apoio da Igreja.
Ao mesmo tempo
Chama a atenção para as injustiças, a repressão e as perseguições políticas no tempo de Salazar, nos anos 60 do
século XX – tempo da escrita (paralelismo entre 2 épocas: o século XIX – 1817 – tempo da história; e o século
XX – 1961 – tempo da escrita).
- A acção centra-se na figura do general Gomes Freire de Andrade e da sua execução:
– da prisão à fogueira, com descrições dos governadores do Reino;
– da revolta desesperada e impotente da sua esposa e da resignação do povo que “a miséria, o medo, a ignorância” dominam. Gomes Freire de Andrade “está sempre presente embora nunca apareça” (didascália inicial) e, mesmo ausente, condiciona a estrutura interna da peça e o comportamento de todas as outras personagens.
- Na acção desta peça, há a destacar o seguinte:
– a defesa da liberdade e da justiça, atitude de rebeldia, constitui a “hybris” (desafio);
– como consequência, a prisão dos conspiradores provocará o sofrimento (“pathos”) das personagens e despertará a compaixão do espectador;
– o crescendo trágico, representado pelas diversas tentativas desesperadas para obter o perdão, acabará, em “clímax”, com a execução pública do general Gomes Freire e dos restantes presos.
– este desfecho trágico conduz a uma reflexão purificadora (“cathársis”) que os opressores pretendiam dissuasora, mas que despertou os oprimidos para os valores da liberdade e da justiça.
Retirado de: http://www.prof2000.pt/users/jsafonso/Port/luar.htm ~
http://ciberjornal.files.wordpress.com/2009/01/ficha-informat-felizmente-ha-luar-accao-e-personagens.pdf
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